Minha profunda admiração por quem consegue borrifar poesia no cotidiano de aromas monótonos. Dito isso, faço este gesto de resistência ao esvanecimento de memórias: um breve texto sobre o encontro que tive com uma senhora que pediu alguns centavos pra completar a passagem de ônibus, era manhã fria e eu tinha a primeira aula presencial dia de mestrado. Na Praça do Pida, coração da Trindade, onde a vida estudantil da UFSC pulsa com vigor, eu almoçava um lanche apressado quando Adriana chegou até a mim.
Santa Maria tem vergonha da memória das vítimas do incêndio na Boate Kiss, que ganham sobrevida tanto materializadas em fotos na tenda da Praça Saldanha Marinho como na luta dos pais que buscam há sete anos justiça para o crime cometido na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013. Santa Maria tenta silenciar os pais e as manifestações públicas de amor pelos filhos perdidos porque tais lembranças “deixam a cidade feia”, expressão aqui colocada em aspas duplas que não são capazes de expressar a repulsa do autor pela crueldade destas palavras.
